domingo, 7 de dezembro de 2008

Pegou fogo no meu Andar! Edição Extraordinária.

Oito horas da noite, estou eu na cozinha de cuecas (Porque macho que é macho lava a louça de cuecas!) quando toca o alarme de incêndio. Versa o manual de emergência que ao toque do alarme deve-se sair e confirmar o evento, mas após seis meses morando aqui e ouvindo este maldito alarme tocar todo dia na hora do almoço e da janta (as cozinhas têm detector de fumaça) eu não dei muita importância. Será que é porque o povo aqui cozinha bem? De repente ouço um grito histérico no corredor, aí pensei com meus botões: _O que é que esse povo está aprontando no corredor? Sabe como é ? Acomodações de funcionários de aeroporto, cada um de um país diferente, vivem longe das famílias, trabalham em horários confusos, acabam ficando todos doidos. Enfim, também não me alarmei. Pode pegar fogo no prédio aqui que ninguém nota. Espere. Fogo? Alguém aí falou em fogo? Pois foi o que escutei, e logo em seguida bateram na minha porta anunciando a evacuação do edifício. A resposta foi:_Espere, estou pondo as calças! Pus a bermuda peguei o capacete e saí.

Quando passei o corredor do andar já estava cheio de fumaça até a altura dos joelhos (do teto para baixo é claro) e os seguranças, que normalmente ficam no estacionamento, estava andando de um lado para o outro feito baratas tontas e batendo às portas dos outros moradores e pedindo para que saíssem. Uma senhorita com ar alucinado gritava e chorava com a mão na cabeça e outro rapaz com cara de estupefato olhava para ela e para o povo que ia passando rumo à escada de incêndio. Imaginei comigo:_Será que ela vai ficar aí até virar churrasco? Então sugeri com todo o tato e psicologia que pude reunir no momento, porém com firmeza: _Senhorita desça agora! Não funcionou. OK, plano B:_Desce já sua louca! Não preciso nem dizer que ela desceu correndo e gritando, mas desceu. La vou eu escada abaixo quando vi que o rapaz que estava com ela não havia descido. Voltei. Ao voltar perguntei o que ele estava fazendo e o energúmeno me disse que estava esperando o elevador. Quando o elevador abriu eu apertei o bloqueio de incêndio e parando a cabine e disse pra ele:_ Você não vai entrar ai não! Desce já! Descemos todos para o estacionamento em segurança.

No lado de fora do prédio já estavam os bombeiros, os paramédicos e a polícia de Dubai. Uma multidão de moradores da vizinhança Emirates Group já se acumulava para assistir ao show, evento este que já se tornou rotina, pois mês passado também pegou fogo no prédio ao lado. A palpitologia pululava, abobrinhas variadas sobre o incidente eram proferidas a exmo enquanto os bombeiros gritavam em árabe desenrolando as mangueiras fazendo pose no estilo do seriado 911 da TV americana. Somente os Duty Officers da DNATA não comentavam o ocorrido, inversamente falavam sobre horas extras e avaliação de desempenho com outros funcionários tentando recrutar pessoal para cobrir o enorme furo na escala deixado pelos colegas que demitiram-se para passar o natal em família. Vai ser workaholic assim lá na Índia!

Terminado o qüiproquó, comentou-se por fontes extra-oficiais que o incêndio foi causado por uma garota (Adivinha quem!) que deixou uma vela sobre a cama. Vai vendo o quilate da mão de obra que se contrata por aqui. Na hora desci e não pensei em nada, mas quando me dei conta que a carteira de motorista ficou no apartamento me deu uma tremenda angústia. Nem pensar em voltar, mas o porquê da angústia eu conto na próxima postagem. Aquela que eu contarei sobre o sufoco que é tirar licença para dirigir em Dubai.



Um comentário:

Lib disse...

huahuahuahuahuahuahua! Golimerda federal!