quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Natal no Aeroporto Internacional de Dubai

Feliz Natal a todos! Que a paz que Jesus nos deixou como Seu exemplo contagie o n osso ambiente de convívio para que num futuro próximo possamos desfrutar dos benefícios da fraternidade na Terra.


Este é mais um dos vários natais já passados nos aeroportos do mundo afora. Ossos do ofício! Bem dizia mamãe:_Vá fazer direito! Preste um concurso público! Tudo bem, prestei pra Controlador de Vôo, passei e o Lula apesar do apagão aéreo, nunca chamou. Mas confesso que a carreira pública não me atrai.

O noite começou bem, cheguei ao aeroporto adiantado na minha motocicleta, com a rotineira indumentária de motociclista: Jaqueta de couro e capacete (de outro modo acabo carregando o deserto de Dubai dentro dos bolsos do meu blazer). Desci, troquei-me e fui bater o ponto, pura rotina.

Ao chegar a notícia prevista, vinda da Jumana minha Duty Officer da Síria:_Mr Farid (esse sou eu, pros árabes) os supervisores cristãos ligaram informando que estão doentes e não virão, preciso da sua ajuda.

Lá vamos nós, Jet Airways pra Delhi, load tranqüilo mas o vôo é um porre. O perfil do cliente é dos que vê pêlo em ovo. Muito exigente (ok), pouco informado e mal criado na maioria (aff!). Típico "noveau riche" das nossas culturas terceiro-mundistas. Ocorreu sem maiores percalços. Durante o check-in chamou-me a atenção um médico que pediu assistência de cadeira de rodas para sua mãe já idosa. Doutor Singh. Ainda não entendo se há uma razão para todos os indianos que conheci que são naturais de Punjab chamarem-se Singh, só sei que são identificados pelo turbante tipo Indiana Jones no Templo da Perdição. Ficou muito contente pela atenção dada ao seu familiar, marcou -me pelo seu sorriso franco.


Um deportado nepalês, cash inad (termo dado aos que são recusados por não ter fundos suficientes para entrar no país) embarcou por último conforme o procedimento, acompanhado de cinco deportados vindos do Detention Centre de Dubai. Esses ou são imigrantes ilegais ou estão sendo deportados após o cumprimento de pena. O 737-800 chegou atrasado com 90% da capacidade prevista, porém nosso time despachou o vôo com 15 minutos de antecedência do horário regular, partindo adiantado. (Viu Gol! Rsrs).

Como de costume nas situações de falta de funcionários após este já tinha outro me esperando. Mas como a alocação foi muito apertada, não foi possível chegar ao check-in a tempo para o próximo vôo da Azerbaijan Airlines para Baku, então fui encaminhado para o vôo da Daallo Airlines para o Djibuti na África, que recebe na maioria passageiros para o Djibuti, Somália, Etiópia e Eritréia.

Fui até o escritório da empresa para receber o brieffing da gerência, enquanto isto notei que o corredor dos escritórios tinha um toque natalino. Vi guirlandas nos escritórios da Srilankan e da Cathay Pacific (fotos ao lado).

Aproveitei e tirei uma foto com o pessoal da Srilankan (primeira foto), que antes tinha a Emirates como acionista. O pessoal desta empresa é muito simpático e a equipe tem um serviço excelente, um dos melhores do aeroporto.

A gerente Sherine é uma simpatia e ela mesma
decorou o escritório e montou a árvore de natal. Esse foi o único escritório que eu encontrei que estava em clima natalino, pois entre os funcionários há budistas e cristãos. Os budistas no Srilanka também comemoram o natal, para entrar no clima da festa somente, sem intenção religiosa.

O escritório da Daallo é uma coisa curiosa, na porta há um enorme banner com uma moça em trajes típicos djibutianos segurando um carneirinho na mão, tão bonitinho. Diz-se aqui no aeroporto que ela segura o carneiro porque está pronta para embarcar, aguardando na fila do check-in, hahaha, que maldade! Mas quem já viu embarque da Daallo sabe por quê. Foi neste vôo que descobri que o computador só suporta 999 quilos de bagagem e que as balanças só toleram 400 quilos.
Brieffing tomado, lá vamos nós. A fila não estava grande, o vôo ainda tinha alguns assentos disponíveis e partia às três horas da manhã.


Meia noite ligou-me a Ana Karina, minha amiga famosa do blog Ah! Libanesa. Fiquei feliz de receber seus votos de feliz natal. Normalmente não atendo ao celular durante a operação nem autorizo minha equipe a fazê-lo, mas natal é natal, alguns dos funcionários filipinos eram cristãos, também tinham família no exterior e estavam heroicamente dedicando seu feriado natalino aos passageiros de um vôo que sabidamente não se leva bagagens com menos de trezentos quilos (foto Abaixo: Pulat funcionário Uzbeque e as bagagens do passageiro Daallo).

Ninguém merece né! Vamos dar um desconto!


Logo em seguida ligou-me a mãe da Clarissa, tripulante da Emirates trazendo os votos da minha amiga Sale de Caxias do Sul também.

Isto alegrou a minha noite natalina principalmente pelo fato de alguém lembrar que nós abrimos mão de nossas noites de natal para que os passageiros possam estar com suas famílias.



A maior preocupação desse vôo sempre é o carregamento, pois mesmo com assentos disponíveis a bagagem é sempre maior que o aparelho comporta e acaba sendo enviado em vôos posteriores. O pequeno Boeing 727-200, voando desde a década de sessenta, tem um porão limitado e para carregá-lo o pessoal da rampa tem que entrar lá dentro pois só dispõe de uma porta na traseira da aeronave.


O mesmo se dá quando se precisa remover as bagagens dos passageiros que não se apresentam na última hora.


Excepcionalmente hoje a meteorologia previu uma neblina densa com possível fechamento da pista depois das três horas. E rotineiramente o Daallo nunca sai no horário pois não é possível desembarcar as toneladas de malas dos passageiros que chegam depois do fechamento do portão à tempo de partir no horário.Mais fácil então é esperar que o mesmo se apresente, ai então o folgado acaba atrasando o vôo inteiro.

De qualquer forma mala sem passageiro não sai no meu vôo de jeito algum! Versa a segurança da aviação que bagagem desacompanhada é bomba à bordo.


O pessoal desta parte da África não tem o costume de usar relógio mesmo. Já estava vendo o tamanho do desafio, botar esta turma no vôo e fazê-lo partir adiantado então pedi aos funcionários que avisassem a todos que o vôo sairia antes do horário.


O embarque começou duas horas e duas e trinta vejam só, todos à bordo! E a aeronave estava na remota! (posição de estacionamento que demanda levar os passageiros de ônibus).


Terminado o carregamento e fechadas as portas a aeronave dirigiu-se para a pista às duas e cinquenta e cinco e graças a Deus decolou! Às três em ponto desceu a neblina e o Dubai International fechou até pra pernilongo. Não dava pra ver um palmo na frente do nariz.


Voltando ao fim da operação, com a sensação de deve cumprido gravei o breve vídeo abaixo na minha tosca câmera do celular.

Quem é que disse que não existe milagre no natal, hahaha! Quem conhece este vôo que o diga!

4 comentários:

Unknown disse...

Fred, adorei seu blog, hoje vc conseguiu me divertir muito dado que estava tristinha porque minhas visitas que me fizeram companhia por um mes foram embora hoje. Moro aqui do seu lado, no Qatar. Mas me bateu uma curiosidade, me diga uma coisa, onde vc trabalhava antes? Um beijo. Rosane

Unknown disse...

Oi Fred seu blog me deu a maior saudades dos tempos PANAM, TOWER AIR no trampo de aeroporto(um dia nunccccaaaa igual ao outro) e dos tempos CO do trampo em loja....ah passageiros......bjnbjnbjn

Ana disse...

haushuasa As caleega como diz a lib hehee As caleega aí dos comments tudo viajada .
Buuuuuuuuuuuuuuéééé
Um dia ainda vou conhecer o paquistão!!!Mas não agora, por agora não tô com vontade kkkkk srsrsrs
Bom...
as onze no horário de Brasília?? de que ano?? haushaushausa 2009? kkkk
Amo o que tu escreves.Só a Lib mesmo pra indicar um blog tão supimpa.
Nuss e que natal massa.Ain como queria um natal assim.
E que profissão massa a sua hein.
Bem fez você não ouvir mamãe hehehe

Ana disse...

kkkkkkkkkk Esqueceram de mim trêiz!!!Buuuuuuuééé!!!Pior que é quase isso mesmo!hahahahaha
Beiju grande